A luta da mulher-floresta
10Dec“Não estamos todes no mesmo barco.” Essa é uma mensagem que dá início – e também encerra – o novo livro da jornalista e ativista Eliane Brum, intitulado “Banzeiro Òkòtò” e que remete a uma guerra que por vezes passa despercebida.
Na obra publicada, a jornalista remete a uma guerra que visa a combater a destruição da Amazônia, “que quando atingir um ponto de não retorno afetará muito mais aqueles que estão nos confins do Brasil e do mundo, e também os que estão no meio das florestas, resistindo há séculos contra o extermínio. E que por armadilhas do destino ou pela ganância de alguns, são as principais vítimas dessa guerra”, aponta Humberto Tozzi, da revista Marie Claire.
Questionada pela revista Marie Claire, em revista concedida, acerca da relação estabelecida entre Amazônia e a resistência entre as mulheres que ali vivem, Eliane Brum aponta o seguinte:
“Se tornou bastante claro para mim quando eu vim para cá a relação entre o corpo das mulheres e o corpo da floresta, entendendo também que as mulheres da floresta são também floresta. Eu acredito que não dá para entender a Amazônia e o que acontece com a Amazônia sem entender que isso é atravessado por questões de raça, de gênero e também de espécie. E aí vem o Bolsonaro que leva tudo a limites que antes não tinham sido superados e diz a famosa frase: “A Amazônia é a virgem que todo tarado de fora quer”. A Amazônia é estuprada, e assim como o corpo das mulheres é visto como um corpo da violação, um corpo que se pode invadir e arrancar dele o que quiser. Hoje depois de escutar tantas mulheres, entendo que o estupro não é exceção, o abuso do corpo feminino não é exceção. Quase 100% das mulheres que eu entrevisto sofreram o estupro ou algum tipo de abuso, são todas marcadas pela violência dos seus corpos. E essa ligação entre floresta e violência contra os corpos delas é muito clara para as mulheres da floresta. E aí passam a se tornar protagonistas.”
Segundo a autora, o maior risco de sua obra é que tal seja tratada enquanto ficção: “A Amazônia faz com que a gente descubra partes do corpo que não sabíamos que existia, o primeiro contato com a Amazônia é uma overdose de corpo”, ela diz em entrevista a Marie Claire, feita por videochamada.
MC No livro você estabelece uma relação forte e ao mesmo tempo cruel de como a Amazônia se assemelha à resistência das mulheres que ali vivem. Pode contar sobre ela?
Outras considerações foram prestadas pela autora em entrevista concedida e disponível neste link.
Ademais, o website Amazônia Real também realizou análise que está disponível aqui.
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